segunda-feira, 28 de junho de 2010

E tudo era só rosas e perfumes. Uma agitação tremenda. Pessoas para lá e para cá. Tanta correria, alianças, flores, bolo, presentes, buffet. Tudo tinha que estar lindo. O vestido branco estava a sua espera. A véspera nunca foi tão longa e jamais ela sentira insônia em toda sua vida ao contrário desta noite. Levantou de sua cama molhada de suor e tomada de ansiedade. Abriu a janela e olhava ao seu redor. Uma brisa tênue invadiu sua alma. Aquela era sua ultima noite de solteira, agora iria dividir sua cama com um homem. Somente a cama, pois o corpo já dividia há muito tempo.

Por isso sou aversa às formalidades. A felicidade não se mede por um momento só, mas por momentos consecutivos de bem-estar e superação. Há muitos que vivem um momento lindo, mas não sabem superar as dificuldades juntos. Por isso sou a ovelha negra da família; não gosto de falsidades e prefiro uma vida de felicidade a um momento de prazer. Acredito no casamento, uma união espiritual que fazem duas pessoas tornar-se duas, mas isso implica muito mais do que viver um momento singular. A diferença realmente é o que cada um vai dar de melhor para que cada dia seja diferente do outro.

Lembro-me da educação retrógrada que o meu pai me obrigou respeitar durante muito tempo.
Obedecia porque eu não tinha escolha. Ao completar 15 anos, escolhi seguir o meu caminho, minhas intuições e fazer as minhas escolhas. Tinha sede de aprender, não queria seguir o que as pessoas diziam por somente dizer. Queria uma explicação pragmática.
Quanto mais o tempo passava, mais eu aprendia. Queria contato. Não importa se dos amigos, ou do calor de um homem. Fui vivenciando cada momento, cada coisa. Aprendi a formar uma opinião própria.
Eu sempre sonhei com sexo. Queria transar no momento certo. Aos 18 anos, tive o meu primeiro contato sexual. Não foi ótimo, mas foi o caminho para eu chegar ao ápice dos meus desejos. Sempre me masturbei, e isso me ajudou muito. No início, a masturbação era motivo de vergonha para mim. Mas sinceramente, hoje não. Se hoje eu gosto de sexo e sinto muito prazer foi porque eu aprendi a me tocar, me conhecer melhor. Odeio estes discursos moralistas que falam mal de sexo.
Afinal, todo mundo faz e deveria ter curiosidade de como vivenciá-lo cada vez mais intenso e prazeroso. Se para muitos isso não faz diferença, dane-se! Não é à toa que eu sou feliz e realizada no amor e sexualmente..
"De todas
as taras sexuais,
não existe
nenhuma
mais estranha
do que
a abstinência."

(Millôr Fernandes)

Nada como o tempo para nos ensinar. E para nos pregar peças também.
Eu já estou calejada; certas coisas não me afetam, outras eu aprendi a contornar. Existem aquelas que eu ainda continuo quebrando a cara. Tudo bem, ninguém é perfeito, não é mesmo?
Hoje, quero falar de algo que aprendi e que não é nada fácil. Fazer-se de surdo, cego e mudo é uma tarefa um tanto árdua, mas depois de algum tempo eu venho me tornando expert nessa área.
Certo dia, num evento com muitas pessoas, entre elas amigos, conhecidos e até alguns desconhecidos, percebi que a irmã de um dos amigos do meu namorado estava dando em cima dele. Numa certa situação, senti uma certa liberdade da parte dela que muito me incomodou.
Geminiana que sou, impetuosa e febril, a primeira ideia que me veio à cabeça foi de combater aquela atitude, porém, disse para mim mesma que não era o momento nem o local apropriado; tratei de me acalmar e achei melhor mantê-la bem perto de mim para saber de suas reais intenções. Uma guerra colocaria tudo a perder. Comecei a fazer uma tentativa de amizade, de manter a proximidade para ver suas reais intenções.
Após essa situação, já houve uma nova circunstância que acabamos nos encontrando. Mantive a calma e num momento em que eu e o meu amor estávamos distantes, percebi quando se aproximou até ele. Eu assisti tudo a distância.
Deixei o meu pássaro voar e observei tudo por um outro foco. Não adiantariam ceninhas patéticas de ciúmes. Talvez o ciúme seja uma vereda extremamente perigosa, que pode levar à curiosidade e ao desejo de experimentar o desconhecido.
Esteja próximo de quem oferece perigo para que a sua defesa seja um antídoto eficaz contra o veneno mortal do ser humano: a inveja.

segunda-feira, 21 de junho de 2010




Teu corpo tem o contorno que me leva ao pecado, que me leva ao desejo.

É uma loucura, um frenesi. Não demoro muito e me entrego.

Me perco, me encontro. Na verdade, prefiro me perder em momentos

tão intensos.. Sussurros, provocações no pé do ouvido.

De repente, seu corpo invade meu corpo. Eu ali, louca, totalmente sua.

Esqueço do mundo e neste momento quero que ele também me esqueça.

Somos eu e você.

Sou totalmente sua, de corpo e alma; e quando me entrego é porque há

em mim o desejo louco de provar-te.

Não sou tua escrava, sou detentora de desejos. A sensação da escravidão é a sensação de não haver escolha e contigo são tantos momentos maravilhosos, de pura entrega e de escolha que os nossos corpos sedentos um do outro desejam a todo o momento.

sábado, 19 de junho de 2010

Eu sempre volto para a vida das pessoas,mas isto é engraçado. Volto com o rosto encoberto, e elas não podem me reconhecer.
Seria isso um jogo malicioso com os que estão ao meu redor, ou um sofrimento que eu escolhi para mim mesma? Quando retornamos de algum lugar ou vamos ao encontro de quem amamos, a primeira coisa que desejamos é ser reconhecido e ser abraçado com muita intensidade.
Acho que aprendi, em determinados momentos a lidar com a solidão. Por consequência, sei lidar com estes recursos anônimos de comunicação. Isso sugere uma certa frieza de sentimentos e uma grande maturidade. Mas sinceramente, foi assim que aprendi a dar o melhor que tenho de mim. É muito difícil reconhecer defeitos, traços de personalidade e de caráter, etc e tals; sempre achei que através de discussões não seria o caminho adequado para melhorá-los e conhecer melhor a mim mesma. Resolvi me afastar um pouco para observar as problematizações que acontecem dentro de mim. Encontrei muitas e resolvi passar a limpo neste diário. É tão enriquecedor quando olho muitas das minhas emoções transcritas aqui. Aprendi tantas coisas e o melhor: quando volto para a vida de quem amo, mesmo sem ser reconhecida levo até eles um pouco de mim em palavras um pouco distorcidas, mas porém com a minha essência de viver. Tudo tem um preço; eu escolhi o meu, mas isso é o que me faz incrivelmente feliz.

sexta-feira, 18 de junho de 2010





Hoje eu estou mal. Acordei com o sentimento do pessimismo me fazendo companhia e me incomodando a cada minuto. Tenho vivido situações de pressão todos os dias. Quero enxergar a luz, mas juro que tem sido muito difícil visualizá-la. Apesar de ser mais fácil enxergar com a claridade, quando nos encontramos na penumbra por muito tempo, aprendemos a caminhar nela. Nosso olfato, tato e instinto de defesa tornam-se mais capacitados para entrar em batalha.
Quero muito entender porque me sinto assim, perdida no escuro. As possibilidades estão lá fora, mas eu não consigo enxergá-las. Estou perdida no canto escuro e úmido da depressão. A morte já não temo mais. O escuro tornou-se abrigo ao invés de um lugar medonho e pavoroso.
Ao meu redor, as pessoas parecem frias ou acham que eu estou exagerando e cada vez mais eu me sinto segura neste esconderijo perigoso, onde fatalmente encontramos as soluções mais desastrosas do viver.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Meu amor,

Eu já menti muitas vezes, mas não leve a mal eu não sou ruim. Cresci sendo censurada, repudiada e encontrei na mentira um dos meus refúgios. Não digo que minto sempre, mas eu a uso como armadura para me defender quando me colocam em estado de confronto com as coisas que eu ainda não sei lidar, ou quando me sinto pressionada.
Sinto vergonha, medo de olhar nos teus olhos e saber que você já sabe da minha verdade vergonhosa. Sinto medo da acusação que as palavras não proferem, que o silêncio e um olhar dizem melhor que qualquer outra forma de expressão.
Apesar de saber que em você vai ficar plantada a sementinha do desconfiômetro, eu não podia esconder essa outra mentira por mais tempo, pois vc sempre foi leal, companheiro e um grande homem que eu sempre pude contar em todas as horas.
Perdoe o meu deslize por favor e me ajude a juntar os cacos da minha vergonha. Ajude-me a ser uma pessoa melhor, que não tenha medo da verdade, de jogar limpo comigo mesma em primeiro lugar e consequentemente contigo. Eu já não posso fazer isso sozinha, essa fraqueza atua como força dentro do meu ser. É como uma droga: quanto mais se usa, mais dependente torna-se dela. Eu cansei de ser dependente disso e carregar junto um grande sentimento de culpa. Venha, estenda a sua mão, me ajude a recomeçar.






Hoje eu acordei pensando em dar um restart na minha vida. Preciso tentar esquecer essas coisas que me afligem e me acorrentam. O passado de uma maneira geral ainda se faz muito presente e está atrapalhando o curso natural da minha vida. Não se pode lamentar por aquilo que não vai voltar mais, ou pela forte emoção que eu senti há 2 anos atrás. Da mesma maneira, não posso ficar chorando pelos meus traumas que ficaram lá atrás.
Escrever isso aqui me faz muito bem. De alguma forma estou expurgando as minhas dores. Sei que isso não vai melhorar 100%, mas é uma maneira de expulsar um pouco do que me faz mal.
Quero encontrar o sentido de viver. Eu tenho pelo menos 70% de fatores para ser feliz, e por não expulsar os fantasmas do meu passado, muitas situações que eu poderia viver com qualidade de vida estão prejudicadas previamente por causa do meu pessimismo em enxergar no passado a fonte da minha juventude. Talvez até seja, porque é no passado que realmente fomos mais jovens, onde vivemos as maiores emoções das nossas vidas, mas isso não é motivo ou razão para não enxergar outra coisa que não seja os momentos felizes que foram vividos outrora.
Preciso de soluções imediatas. Vou começar do zero. Daqui a um tempo estarei diante de uma pessoa que nem eu mesma conheço ainda.

domingo, 13 de junho de 2010

Estou num momento confuso, perdido. Transito entre o passado e o presente. Quero manter o presente que me alegra e voltar ao passado que me causou tanto prazer. Hoje, voltei ao lugar que foi palco das maiores emoções que vivi ao lado do homem que amo. Revivi todos aqueles momentos, chorei. O cenário de pura beleza é capaz de inspirar e revirar as emoções de qualquer ser humano nostálgico e sedento de emoções.
Eu continuo me sentindo amada, mas a cada momento que passa e novos capítulos começam a ser escritos nas páginas da minha vida, não suprem aqueles capítulos que foram vividos com tanta intensidade. Eu sei que isso não é normal, mas esse ritmo de viver tão acelerado nos faz perder a essência dos melhores momentos das nossas vidas.
É impossível esquecer, eu não quero esquecer. Amo tudo o que vivi ali. É um sentimento de posse, é meu. Quero tudo de volta, sinto até o cheiro do perfume que usávamos naquele tempo.
Como posso me sentir assim, se eu ainda o tenho em meus braços? Como posso preferir viver a vida do passado a viver o presente mesmo com perspectivas de momentos melhores dos que eu vivi antes? Por que insisto em voltar ao passado? Loucura, devaneio? Ainda tento encontrar estas questões dentro de mim...

domingo, 6 de junho de 2010

Se eu pudesse, voltaria uns cinco anos a menos para fazer novas escolhas que certamente modificariam a minha vida. Arrependo-me profundamente de ter demorado tanto a escolher aquilo que melhoraria minha vida 100%. Acabei ficando passiva diante dos meus gigantes(problemas), e não fui à luta. Demorei para estudar, para acreditar que eu também sou digna de um futuro brilhante como qualquer mortal. Demorei para entender que até para os menos favorecidos o amor chega (e ele chegou para mim). Chorei demais tendo pena de mim mesma, por consequência mergulhei na escuridão e na depressão que todo mundo tem dentro de si mesmo quando acha que é inferior e menosprezado. Esse pessimismo nos cega e não nos permite ver que há uma solução mesmo que perdida num canto escuro e empoeirado.
Preciso de forças para acreditar que apesar dos gigantes que tenho de enfrentar todos os dias vão ser derrotados e vencer é uma questão de força de vontade, já que não posso mais derrotar o tempo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Não poderia me esquecer da educação ortodoxa que os meus pais me deram. Ensinaram-me o que era religião, e não o que era ter fé. Isso confundiu o meu mundo interior e me fez criar uma série de questionamentos.
Ao completar 10 anos de idade, tinha certeza que tudo aquilo não era para mim. Ao mesmo tempo eu sabia que não era o momento apropriado para sair fora, meus pais jamais deixariam que eu tomasse esta decisão. Enquanto isso, fui levando o meu corpo até a igreja, mas a alma meus queridos, estava tão longe e eu não tinha a dimensão de onde ela estava.
Eu tinha vontade de usar os batons lindos que as minhas amigas usavam, os brincos lindos que elas penduravam em suas orelhas e que as tornavam demasiadamente interessantes e convidativas.
Ao completar 13 anos, conheci um garoto interessante, numa praça próxima ao meu colégio. Ele sorria para mim, insinuava, mas ao mesmo tempo era tímido. Eu também queria me aproximar, pois ele me causava curiosidade e me atraía bastante.
Certo dia, nos aproximamos e ele me beijou. Estava envolvida. Ele era também a carta de alforria para aquela situação que me sufocava há muito tempo, já que ele não participava da filosofia que eu estava inserida.
Eu utilizo este local para confessar as minhas maiores dores, mazelas, sem ter que mostrar o rosto.
A explicação é tão óbvia, mas prefiro enumerá-las aqui. Qual o ser humano que quer dar a cara a tapa de seus próprios pecados? Ser julgado, acusado e receber olhares de reprovação?
A minha intenção ao criar este diário, é ensinar o pouco de bom que ainda me resta. Eu ainda acredito no poder regenerador das pessoas, e quem sabe até no meu próprio?
Quem sabe ao ler o as páginas do meu próprio pecado e me embriagar no meu próprio veneno, ache o antídoto regenerador da minha essência?
Para você que lê, utilize em quantidades moderadas para não viciar.